
Janelas D'Alma
Quando tive o primeiro contato visual com a Liz, senti uma verdadeira explosão de ocitocina. Era o tal do amor incondicional correndo pelo meu corpo, preenchendo cada célula com uma certeza nova: eu amaria, lutaria e viveria por aquele pequeno ser, sem esperar nada em troca. Incondicional significa exatamente isso: amar pelo simples ato de amar, independente de qualquer circunstância.
O olhar dela me despertou para algo maior. A partir dali, passei a reparar no olhar de outras crianças, de outras pessoas. Comecei a enxergar com mais profundidade o ser humano e tudo aquilo que expressamos sem palavras, sem gestos — apenas com os olhos.
Os egípcios já entendiam esse poder. Por isso protegiam os olhos com o Kohl, uma tintura preta à base de carvão, acreditando que eles eram portais para a alma. Os chineses, por sua vez, através da iridologia, liam a íris para identificar não só problemas físicos, mas também questões emocionais e psicológicas. Por que, então, deixarmos passar despercebido esse livro profundo e inesgotável que é o olhar?
Foi a partir desse questionamento que nasceu esta série fotográfica, fruto da minha paixão por retratos e pela interpretação do olhar infantil. Acredito que precisamos voltar mais a atenção para o aqui e agora, para o presente momento, para as nossas crianças. Precisamos aprender a validar os sentimentos delas da mesma forma como fazemos com os adultos. Muitas vezes, a voz de uma criança se expressa justamente no olhar.
Como bem disse Edgar Allan Poe: “Os olhos são as janelas da alma.”